Eis a razão pela qual não deve comer em qualquer restaurante.

Eis a razão pela qual não deve comer em qualquer restaurante.

Teny e a sua filha, Dora, estavam pacientemente sentadas num restaurante à espera da sua refeição. O restaurante era um dos mais conceituados do bairro, um pequeno canto acolhedor com paredes amarelas vivas e um cheiro a especiarias a pairar no ar. As empregadas de mesa passavam rapidamente de mesa em mesa, com os seus tabuleiros carregados de taças fumegantes e bebidas coloridas. Dora estava sentada em frente à mãe. Os seus grandes olhos castanhos continuavam a virar-se para o balcão onde as empregadas desapareciam atrás de uma porta de madeira batente com a inscrição “Cozinha”. “Mamã, estou com fome”, disse Dora com uma voz doce e impaciente. “Eu sei, querida”, respondeu Teny com um sorriso. “Vão trazer a comida em breve. Vais gostar muito.” Ela tinha pedido o prato favorito de Dora, arroz frito e asas de frango estaladiças, e para si, um prato de peixe grelhado e banana-da-terra. Ela esperava por esta refeição há uma semana. Cozinhar em casa parecia-lhe sempre uma punição. Demasiado tempo, demasiado esforço. Para quê, quando havia bons restaurantes como este? Pouco depois, uma empregada alegre aproximou-se com o pedido delas. “Aqui está a vossa refeição. Espero que gostem.” O rosto de Teny iluminou-se enquanto inalava o aroma. A comida parecia perfeita. Ela deu a sua primeira dentada e fechou os olhos de satisfação. “Está delicioso”, murmurou. Mas assim que se preparava para dar outra dentada, ela reparou no rosto de Dora. O sorriso da criança tinha desaparecido, substituído por uma careta de desconforto. “O que se passa, querida?” perguntou Teny, gentilmente. “Mamã, quero fazer cocó”, murmurou ela, agarrando-se à barriga. Teny olhou para o garfo suspenso no ar. “Agora? Acabámos de começar a comer”, sussurrou ela, vivamente. Dora baixou a cabeça, envergonhada. Teny suspirou e olhou à sua volta. Os outros clientes comiam calmamente, mas ela sentia os olhares deles a escorregar para ela. Ela forçou um pequeno sorriso e levantou-se. “Está bem. Vamos.” Não era a primeira vez. Dora precisava sempre de ir à casa de banho logo após algumas colheradas de comida. Isto irritava Teny profundamente, mas ela não tinha escolha. Ela guiou Dora pelo corredor no fundo onde estava o letreiro “Toilette”, os seus saltos a ecoar nas telhas. Quando Dora desapareceu num dos cubículos, Teny encostou-se à parede, deslizando distraidamente o telefone. Foi então que ela notou uma porta de metal à sua esquerda, um pouco separada do resto, pintada de cinzento, marcada em letras vermelhas: “Entrada Proibida”. Uma pontada de curiosidade picou-a. Emanava um cheiro, algo azedo, incongruente num lugar onde se serve comida. Ela enrugou o nariz. O seu olhar percorreu o corredor vazio. Ninguém a estava a observar. Ela hesitou por um segundo, depois agarrou o puxador e empurrou. A porta de metal rangeu, libertando uma baforada de fedor que a fez recuar. Era denso, podre, um cheiro que se agarrava à sua garganta. A sala estava escura. Ela ligou a lanterna do telefone, a mão a tremer ligeiramente. O feixe de luz revelou a fonte do cheiro: pilhas de aventais e toalhas manchadas espalhadas pelo chão, húmidas com vestígios de gordura velha. Baldes de plástico transbordavam de água turva. Antes que pudesse dar um passo, um ruído de farfalhar veio de um canto. Dois ratos grandes atravessaram os seus pés e desapareceram sob os tecidos sujos. Teny estremeceu, o coração a bater forte. “Oh meu Deus!” murmurou, a mão na boca. Todo o seu instinto gritava para ela fechar a porta e ir embora. Mas a sua curiosidade tinha dentes afiados e insistentes. Porquê este lugar? Porque é que um restaurante guardaria tanta sujidade aqui? Ela avançou cautelosamente. A sua luz intercetou outra coisa: uma pequena porta de madeira no fundo da sala. Um sinal desbotado por cima dizia “Apenas Cozinha Pessoal”. Ao lado, três caixotes do lixo, as suas tampas entreabertas. O cheiro intensificou-se. Moscas pretas zumbiam preguiçosamente por cima. Algo dentro dela a impulsionou a olhar. Ela estendeu a mão para a porta de madeira e empurrou-a o suficiente para espreitar. O que ela viu gelou-lhe o sangue. A cozinha era um caos total. O lavatório transbordava de pratos por lavar, cobertos de molhos secos e bolor. Vermes fervilhavam nos cantos. Os balcões brilhavam com óleo rançoso. O chão estava pegajoso, salpicado de cascas e embalagens. Uma linha perfeita de formigas atravessava as telhas. Teny levou uma mão à boca. O seu olhar deslizou para a área dos fogões. Uma cozinheira estava ali, a mexer um grande tacho de guisado. O seu avental estava irreconhecível, camadas de manchas vermelhas, castanhas e pretas endurecidas em crosta. Gotas de suor escorriam pelas suas têmporas enquanto mexia. Quando ela levantou o braço para limpar a testa, Teny notou os pelos das axilas e o tecido do seu uniforme rígido de sujidade. O coração de Teny disparou. É daqui que vem a minha comida, pensou. Atrás da cozinheira, outra mulher puxava um caixote do lixo para o lavatório. Estava cheio de pedaços de carne descartada, cinzentos, viscosos, fervilhantes de vida. A mulher esvaziou-o perto do tacho e, casualmente, passou por cima do que tinha caído. O cheiro era insuportável, denso, sufocante. O coração de Teny batia descontroladamente. Cada respiração pesava. Ela queria ir embora, mas não conseguia desviar o olhar. Num canto, outra mulher estava sentada num refrigerador, com as pernas cruzadas. Ela decorava um bolo, cantarolando. De vez em quando, mergulhava um dedo no glacê, lambia-o e sorria. A mente de Teny girava rapidamente. As mesas imaculadas, a empregada sorridente, os pratos bonitos: tudo era uma mentira. Um ruído fê-la sobressaltar: passos estavam a aproximar-se. Ela fechou rapidamente a porta, prendendo a respiração. Os passos ficaram mais próximos. Uma voz de homem murmurou algo na cozinha e a porta de madeira rangeu novamente do outro lado. O pânico invadiu-a. Ela enfiou-se na sala escura marcada “Entrada Proibida”, prendendo a respiração. A porta de metal estava apenas a alguns passos de distância. Ela caminhou na ponta dos pés, abriu-a sem fazer barulho e voltou para o corredor das casas de banho. O seu pulso batia-lhe nos ouvidos. Dora saiu da casa de banho, toda feliz. “Mamã, acabei”, disse ela, abanando os seus bracinhos. Teny forçou um sorriso e apertou a mão da filha com força. De volta à sua mesa, o seu prato ainda estava meio cheio. O mesmo cheiro apetitoso que a tinha seduzido há minutos, agora revirava-lhe o coração. Ela quase via as mãos sujas que o tinham preparado, os insetos, a carne podre. A empregada aproximou-se. “Está tudo bem, senhora?” “Sim”, respondeu Teny rapidamente com a voz tensa. “Traga-me a conta, por favor.” Dora agarrou a sua colher. “Mamã, posso acabar a minha refeição?” “Não, querida”, disse Teny mais bruscamente do que queria. “Vamos para casa.” A empregada voltou com o recibo. Teny pagou sem levantar os olhos, apressada para sair. Ela pegou na mão de Dora e saiu rapidamente do restaurante. O ar fresco da noite roçou o seu rosto como uma bênção. Ela inalou profundamente, tentando limpar o fedor que ainda se agarrava à sua memória. No carro, Teny agarrou o volante, as imagens que tinha visto a girar na sua mente, e o seu peito apertou-se. O seu marido tinha-lhe dito isto tantas vezes: “Não se pode confiar em todos os restaurantes, Teny. Nunca se sabe o que se passa atrás das portas fechadas.” Mas ela tinha-se rido. “Não vou passar as minhas noites a suar e a cheirar a cebola.” Desta vez, ela já não se ria. Ela olhou para Dora no espelho retrovisor. A cabeça da criança repousava no assento, os lábios entreabertos no sono. Uma onda de culpa invadiu Teny. Dora era sempre a que mais sofria. Ela tinha frequentemente dores de barriga. Algumas noites, acordava a chorar, agarrando-se ao estômago. Os médicos falavam de sensibilidades alimentares, mas Teny nunca tinha ligado as coisas. Há anos, Teny tinha nascido numa família de três filhos. Ela era a mais nova e a única que nunca mexia um dedo em casa. Os seus irmãos e irmãs, Ada e K, faziam tudo. Ada já fritava ovos aos oito anos, e K sabia fazer poradis. A mãe adorava Teny. “Deixem-na em paz”, dizia ela sempre que Ada se queixava.

“Ela é a minha bebé. Vai aprender quando for grande.” E assim, Teny nunca aprendeu. Ela sentava-se na sala a ver desenhos animados enquanto Ada esfregava as panelas na cozinha. Quando o jantar estava pronto, ela comia e queixava-se: “Está muito salgado. O arroz está muito mole, o molho não está bom.” Ada fuzilava-a com o olhar. “Um dia vais ver. Quando estiveres sozinha, quem vai cozinhar para ti?” Teny ria, abanando as pernas. “Vou casar com um chef.” Todos se riam. A mãe abanava a cabeça com ternura. “Não liguem a ela. Ela é a minha princesa.” E assim o padrão continuou. Os anos passaram e Teny tornou-se uma jovem mulher bonita que sabia vestir-se, falar e sorrir, mas não fritar um ovo. Quando foi admitida na universidade, a mãe preparou as suas malas cuidadosamente: sacos de arroz, feijão, gari, especiarias, óleo, tudo o que ela precisaria. A primeira semana na escola foi uma aventura. As suas colegas de quarto estavam entusiasmadas, a tagarelar e a rir enquanto cozinhavam juntas. Teny decidiu tentar a sua sorte. Ela ligou à mãe para obter instruções, anotou-as cuidadosamente. Mas algo correu mal. O arroz queimou. O molho estava amargo. O tacho fumegava. As suas colegas tentaram ajudá-la, mas foi inútil. A comida tinha um gosto de metal e cinzas. Teny forçou-se a dar uma dentada, fazendo uma careta. Naquela noite, ela deitou tudo fora. No dia seguinte, ela tentou esparguete. De alguma forma, ficou mole e pálido, quase como paté. Ela nem conseguiu decidir provar. Frustrada, sentou-se na cama e fez um voto silencioso: nunca mais voltaria a cozinhar. A partir desse dia, ela começou a comprar a sua comida em restaurantes. Ela preferia comer fora a falhar na cozinha. Ela revendeu a maioria das provisões que a mãe lhe tinha dado aos seus amigos e usou o dinheiro para comprar refeições nas cantinas próximas. No início, era excitante. Ela podia comer o que quisesse: arroz frito, molho, sopa, tudo pronto, tudo quente. Mas a excitação não durou muito tempo. A comida nem sempre era boa. Às vezes, fazia-a ficar doente. Mas ela continuava a comê-la. Cozinhar parecia-lhe uma derrota, um lembrete do que ela não sabia fazer. Sempre que as férias se aproximavam, ela ficava feliz. Casa significava a cozinha da mãe, comida verdadeira, pratos limpos e amor em cada dentada. Quando Teny conheceu o marido, Kim, eles estavam loucamente apaixonados. Era aquele tipo de amor que torna todas as noites doces e douradas, todas as chamadas preciosas. Para Teny, ele era tudo o que ela tinha sonhado: doce, paciente e brilhante de sucesso. Mas havia uma coisa que Kim ainda não sabia: Teny não cozinhava. Não porque ela não tivesse tempo, mas porque ela não tinha vontade. Sempre que Kim mencionava que gostaria de provar a sua comida, ela sorria timidamente e arranjava uma desculpa. “Ah, querido, hoje não. Estou com dores de barriga”, ou “Tive cãibras a noite toda, preciso de descansar.” Outras vezes, ela dizia que não estava com disposição e depois propunha que ele pedisse em vez disso. Kim nunca se queixava. Ele acreditava que devia cuidar da mulher que amava. “Não te preocupes, minha rainha”, dizia ele, tirando o telefone para pedir algo delicioso. “Não te deves cansar.” Teny sorria-lhe ternamente, aliviada por ele não insistir. O amor deles aprofundou-se, mas o padrão permaneceu. Uma noite, enquanto ele terminava um prato de arroz de take-away, Kim percebeu que nunca tinha provado uma única refeição feita por Teny. Este pensamento permaneceu na sua mente como um espinho. Num sábado, ele decidiu falar sobre isso. Estavam sentados no sofá, a ver um filme, quando ele fez uma pausa e se virou para ela. “Teny, há uma coisa em que tenho pensado ultimamente.” Os olhos dela levantaram-se lentamente. “O quê?” “Reparei que desde que namoramos, nunca me cozinhaste nada. Nem uma vez.” Teny franziu ligeiramente as sobrancelhas. “E isso é um problema?” Ele hesitou. “Não é bem um problema. Só acho que é importante comer comida caseira. Às vezes é mais saudável…” E ela interrompeu-o.

“Kim, por favor, eu não gosto de cozinhar. Já tentei, deixa-me nervosa. Além disso, os restaurantes existem por uma razão.” Kim acenou lentamente com a cabeça. Ele não estava zangado, apenas surpreendido com o tom definitivo da sua voz. “Percebo, mas não podemos comer fora todos os dias. Não é saudável e também é caro.” Teny cruzou os braços. “Então, podes cozinhar tu, se quiseres. Eu fico-me pelo take-away.” Kim recostou-se e suspirou suavemente. Ele não queria discutir. Amava-a demasiado para arriscar afastá-la por causa disso. Naquela noite, depois de Teny adormecer, Kim ficou na sala a refletir. Ele encarou a parede e murmurou: “Eu amo-a. Não quero perdê-la por causa disto.” Ele passou a mão pelo cabelo. “Cozinhar é para escravos”, disse ele com uma risada cansada. “Se comprar comida a faz feliz, então que seja assim.” A sua decisão foi tomada. Ele levantou-se, apagou a luz e juntou-se a ela no quarto. Teny dormia pacificamente, enroscada debaixo do cobertor. Ele enfiou-se ao lado dela e abraçou-a. “Desculpa ter-te pressionado há pouco. Não te vou pedir mais. Vou dar-te sempre dinheiro para a comida. Não tens de cozinhar.” Teny virou-se para ele, sorrindo a meio do sono. “Obrigada, meu amor”, disse ela antes de lhe dar um beijo suave. Os anos passaram. Casaram-se numa pequena cerimónia cheia de risos e amigos. Pouco tempo depois, foram abençoados com uma filha, Dora. Desde o primeiro aniversário de Dora, as refeições da família vinham sempre de restaurantes. Caixas bem arrumadas de arroz frito, sopas e molhos tornaram-se a sua rotina diária. No início, tudo parecia bem. Mas à medida que crescia, o pequeno corpo de Dora começou a reagir de forma estranha. Após cada refeição, ela agarrava-se à barriga e corria para a casa de banho. Às vezes uma vez, outras vezes duas. Teny suspirava de frustração sempre. “Não podes comer normalmente por uma vez?” repreendeu-a. “Mamã, estou com dores de barriga”, chorava Dora. “Sempre desculpas”, zangou-se Teny uma noite. “Pensas que a casa de banho é o teu quarto?” Kim, que estava a observar em silêncio, interveio. “Teny, para de gritar. Ela é uma criança. Talvez seja a comida.” “A comida? O que é que há de errado com a comida? Vem de um bom restaurante.” Kim abanou a cabeça suavemente. “Porque não cozinhas algo tu mesma para ela? Talvez o estômago dela se adapte melhor.” Teny virou-se. “Não tenho tempo para estas parvoíces.” E a discussão parou por ali. Mas as palavras de Kim ficaram algures dentro dela, enterradas sob o seu orgulho e as suas desculpas. Depois veio aquele dia fatídico, aquele em que Teny e Dora deixaram aquele lugar e tudo mudou dentro dela. De regresso a casa, o ar no carro parecia pesado. Dora dormia docemente no banco de trás, agarrando o seu brinquedo nas mãos. A inocência no rosto dela apertou o peito de Teny dolorosamente. Os seus pensamentos giravam. Tu falhaste como mãe. Tu deste-lhe esse veneno. Tu viste com o que eles cozinham, o que eles escondem, e tu deste-o à tua filha. A voz não parava. Ecoava cada vez mais alto a cada minuto. Num canto de rua tranquilo, Teny parou. Ela pegou num pequeno bloco de notas da sua mala onde anotava coisas. As suas mãos tremiam enquanto ela escrevia: “Lista de compras.” “Acaba hoje”, murmurou. Ao chegar a casa, Kim estava a ver um jogo de futebol na sala. Dora entrou, bocejando. “Cuida dela por mim, por favor”, disse Teny rapidamente. “Eu volto já.” Kim levantou os olhos. “Onde vais?” “Só a um sítio, já volto.” Sem esperar pela resposta dele, ela agarrou a sua mala e saiu. O mercado era barulhento, colorido, vivo com cheiros de especiarias. Teny percorreu as bancas com determinação, fazendo perguntas, comparando preços. Pela primeira vez na sua vida, ela comprou tudo o que uma verdadeira cozinha precisava: tomates, pimentões, carne, peixe e até colheres de medida. Quando ela voltou, o seu carro estava cheio de sacos. Kim ajudou-a a trazer tudo para dentro, perplexo. “O que é que é isto tudo?” perguntou ele. Teny endireitou os ombros e respondeu calmamente. “É para a casa. Vou começar a cozinhar a partir de hoje.” Kim olhou para ela, surpreendido. “Tu, a cozinhar?” Ele não fez mais perguntas. Algo nos olhos dela dizia-lhe que ela tinha visto ou experimentado algo forte. Na manhã seguinte, Teny vestiu um avental, prendeu o cabelo e posicionou-se em frente aos fogões como um soldado em frente à batalha. A sua primeira tentativa de guisado de feijão foi um desastre. O feijão queimou no fundo e o sabor estava amargo. Depois ela tentou arroz jolof. Demasiado salgado. O marido provou e sorriu gentilmente. “Pelo menos está quente”, brincou. Teny fez uma careta. “É um começo”, disse Kim abraçando-a. “Todo o chef começa por algum lado.” Então, ela continuou. Ela via tutoriais de culinária tarde da noite, tomava notas no seu bloco de notas e praticava no dia seguinte. Os seus pratos eram ou demasiado gordurosos ou sem sabor, mas ela recusava-se a desistir. Kim apoiou-a em cada passo. Quando não estava a trabalhar, ele ficava ao lado dela, cortando cebolas e limpando.

“Talvez eu deva aprender também”, brincou ele uma noite. “Serei o rei do Jolof.” Teny riu sinceramente pela primeira vez em dias. As semanas passaram. A pouco e pouco, os seus pratos melhoraram. A primeira vez que Dora acabou um prato sem correr para a casa de banho, Teny quase chorou. “Como está a tua barriga, querida?” perguntou ela, ansiosamente. Dora sorriu. “Está ótima, mamã. Está muito bom.” Kim sorriu para a mulher através da mesa. O orgulho nos seus olhos dizia mais do que mil palavras. A partir desse dia, o jantar tornou-se sagrado. A casa encheu-se do cheiro de guisado, do tilintar de colheres e de risos. Quando Teny finalmente conseguiu fazer o seu arroz jolof fumado, acompanhado de coleslaw e frango grelhado, até Kim admitiu que era o melhor que ele já tinha comido. Eles fizeram disso uma tradição familiar. Todos os domingos, a casa cheirava à cozinha de Teny, e eles sentavam-se juntos para partilhar histórias e risos. Quando Dora completou onze anos, Teny decidiu que era altura de a ensinar. “Vem, meu amor”, disse ela numa manhã de sábado, amarrando um pequeno avental à volta da cintura da filha. “Já tens idade suficiente para aprender.” Os olhos de Dora brilhavam. “A sério, mamã?” “Sim, hoje fazemos arroz.” A cozinha ressoou com risos. Dora cortava os vegetais desajeitadamente enquanto Teny guiava as suas mãos. Kim estava parado perto da porta, sorrindo com orgulho para as duas mulheres da sua vida. “Não te esqueças de mexer gentilmente”, disse Teny. “Cozinhar é como o amor: é preciso paciência.” Dora riu. “Como quando o papá espera pela tua refeição!” Teny desatou a rir. “Exatamente.” Nesse dia, o arroz ficou perfeito: quente, perfumado e cheio de amor. A partir desse dia, Dora adorava estar na cozinha com a mãe. E Teny, que outrora pensava que cozinhar era uma punição, agora via-o como uma alegria, uma arte, o amor tornado visível. É aqui que chegamos ao fim da história. Se gostaste desta história e a viste até ao fim, por favor, não faças deste vídeo a tua última visita ao meu canal. Subscreve, gosta do meu vídeo, deixa os teus comentários na secção dedicada e partilha os meus vídeos com os teus entes queridos. Vemo-nos no próximo. Adeus.

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